19 de dezembro de 2011

a família

A minha avó liga-me de vez em quando. Para se assegurar que eu não estava no Japão na altura do tsunami, se por algum acaso fui presa injustamente, se me tenho alimentado porque coitadinha tenho duas mãos que não devem funcionar muito bem. Se me queimei a acender um fósforo ou ainda se consegui apanhar um autocarro por causa da greve dos camionistas.
Só não consegui perceber ainda, se é melhor dizer que estou em casa ou não. Quando estou em casa não posso estar sozinha, mas se está muita gente é perigoso porque as pessoas são malucas. Não posso comer congelados, mas também não posso perder muito tempo a cozinhar depois de um dia de trabalho, coitadinha.
Vendo pelos olhos da minha avó, passada a porta da rua, o cenário é pós-apocalíptico, com granadas a fazer as vezes das pedras da calçada e caixas com mantimentos e armas, disfarçadas de caixotes do lixo. E depois toda a gente sabe daquele perigo eminente de se levar com um piano em cima. E o meu vizinho de cima tem mesmo um piano. 

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