16 de outubro de 2011

Quem quer ser ex-lionário?

Dizem-nos que depois do primeiro desgosto de amor, todos os seguintes não são tão maus porque já conhecemos o processo. Sabemos que as duas primeiras semanas são insuportáveis, que temos de esconder todas as facas da casa e evitar as drogas duras. Que depois disso, em vez de pensarmos 24h nessa pessoa e no que ela acharia disto daquilo e do outro -que de repente deixamos de poder contar- começa a saltar 1, 2 dias sem pensarmos nele. Mesmo assim vamos acumulando todas as coisas que se vão passando para, no caso de voltarmos, lhe contarmos.
Ainda nesta fase de aborto mental, perdemos alguns amigos e ganhamos outros. Que usualmente, formam o grupo de sair à noite e que serão pessoas em igual situação ou pior ainda. Pessoas que, secretamente sabemos, caso estivessemos felizes numa relação jamais iriam jantar lá em casa ou em double date ao brunch ao domingo.
Mais ainda, começamos a evitar os restaurantes românticos, os sábados de manhã e o dia inteiro de domingo. Ir a centros comerciais é de cortar os pulsos, mais ainda quando já não podemos gozar colectivamente (inclua-se namorado) com os fatos de treino e as mãos-unhas-de-gel nos bolsos traseiros dos 'mores' - raça típica Colombo-iana. Mas como é intolerável deixar de ir à Fnac, carregamos o pesado semblante, sem o entusiasmo de outros tempos, andamos sempre a olhar para o chão na esperança de não esbarrar com um casal feliz a comprar DVD's ou televisões para a sala. Sala essa que terá fotografias dos dois em momentos asquerosamente românticos, ou quem sabe super-divertidos nas férias de Verão.
E depois chega o Inverno e a obrigação (mesmo) em esconder todas as mantas e DVD's que dividiam amorosamente com a cara metade. Logicamente oposto ao desacompanhado tiritar de agora.
Maneiras que não, ainda não consegui arranjar maneira de ultrapassar o fim de uma relação, sem passar pela casa de partida. Não há auto-save, merda. Ainda estamos na pré-história dos jogos, que apesar de tudo o que possamos construir durante uma hora, se falharmos, vai tudo com o. E depois só mesmo começando de novo. O que dá uma adrenalina desgraçada, seguida de uma responsabilidade em fazer tudo bem à primeira, e por fim a frustração desmesurada. Mesmo assim podemos ter uma ou outra vida extra, e ir tentando salvar a relação, apesar de eventuais quebras de confiança ou mesmo da tesão. Ora toda a gente sabe que, uma vez recorrida a ajuda do público, as restantes jogadas estão em risco, severo. Que é a altura em que nós miúdas começamos freneticamente a ligar às amigas e a descarregar tudo o que ele fez e deixou de fazer durante os últimos meses em que desaparecemos do mapa em nome da paixão.
Que é o que os concorrentes do Quem quer ser milionário devem sentir quando não ganham na última pergunta. "Penso eu de que".

2 comentários:

  1. Oh. Been there. Done that. But I survived, como a Gloria Gaynor.

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  2. A Gloria Gaynor veio cá agora em Outubro. E isso só prova que ela sobreviveu mesmo...! ^_^

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